domingo, 22 de julho de 2007

Poema Alheio: "Todas as cartas de amor são rídiculas" do amigo Nandinho(Sob a assinatura de Álvaro de Campos)

Todas as cartas de amor são
Rídiculas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Rídiculas.

Tambem escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Rídiculas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Rídiculas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Rídiculas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Rídiculas.

A verdade é que hoje
As minhas memorias
D'essas cartas de amor
É que são
Rídiculas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Rídiculas).


Álvaro de Campos, Engenheiro
(21 de Outubro de 1935)

4 comentários:

Anónimo disse...

a estrofe fi9nal ja foi o meu lema de vida. obrigado por me lembrares dessa frase.

Pedro Mileto disse...

E tu hás de ser sempre um herói da minha infância ;)
Abraço, óme!

Sónia Balacó disse...

E eu que pensava que era a única a chamar Nandinho ao Pessoa... =)

Pedro Mileto disse...

idem! bom.. eu e ele já temos um historial jeitoso... daí a confia toda... au baute iu...?