quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Melodias Poéticas: "Rock 'n' Roll Suicide" de David Bowie




Time takes a cigarette, puts it in your mouth
You pull on your finger, then another finger, then your cigarette
The wall-to-wall is calling, it lingers, then you forget
Ohhh how how how, you're a rock 'n' roll suicide

You're too old to lose it, too young to choose it
And the clock waits so patiently on your song
You walk past a cafe but you don't eat when you've lived too long
Oh, no, no, no, you're a rock 'n' roll suicide

Chev brakes are snarling as you stumble across the road
But the day breaks instead so you hurry home
Don't let the sun blast your shadow
Don't let the milk float ride your mind
You're so natural - religiously unkind

Oh no love! you're not alone
You're watching yourself but you're too unfair
You got your head all tangled up but if I could onlymake you care
Oh no love! you're not alone
No matter what or who you've been
No matter when or where you've seen
All the knives seem to lacerate your brain
I've had my share, I'll help you with the pain

You're not alone
Just turn on with me and you're not alone
Let's turn on with me and you're not alone (wonderful)
Gimme your hands cause you're wonderful (wonderful)
Gimme your hands cause you're wonderful (wonderful)
Oh gimme your hands.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Poema Alheio: "Lisbon revisited(1923)" do Nandinho, sob a assinatura de Álvaro de Campos

NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem
[conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!

Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!


Álvaro de Campos
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E o vadio desta casa tomou a liberdade de tirar o seguinte catarro do pensamento:

Como se tivesse que pagar a indulgência de ser da elite,
mesmo não querendo ser da elite.
Deixai-me que eu "serei tão leve que não hei de pesar-vos nunca na memória" .(ponto)

NOTA: o verso "serei tão leve que não hei de pesar-vos nunca na memória" é adaptado do poema "Não adormeças" de Maria do Rosário Pedreira